Ausente
Perdi-me na noite
procurando calor
em grutas de mármore
Costurando minhas asas de gralha
com teias de aranha
Procurando olhos acesos
em paredes quietas
Procurando mãos
em braços sem fim...
Perdi-me na noite
Procurando quem estava
Tão perto de mim...
Pequeno Ziggy
E viria assim
Correndo pelas nuvens
Pelo caminho
da estrela cadente
De asas azuis
e olhar felino
Tal um príncipe
ao encontro de seu reino...
Andaria seguro de si
por todo canto
Correria atrás das vespas
do vento, das borboletas...
Das flores...
Como se de tudo
fosse realmente dono
Anônimo
Seu grito anônimo ecoa
como gotas prateadas
no horizonte
dos meus ouvidos
de pássaro acorrentado...
Oh, voz doce
que na tranquilidade da alma
clama por meu corpo
...Oh, Carmenzita
dos lábios de mel (!)
Onde estás agora
que os cães ladram
e me atacam?
Primavera Futura
Falaremos do tudo e do nada
com nostálgica doçura
Na calidez trágica
da primavera futura...
Estenderemos os braços
aos raios de sol
sobre o colorido que brota da terra
aos nossos olhos de herói
Sorriremos para sempre
E para sempre caminhará entre nós
o pequeno espectro
das nossas energias
Nas Asas do Vento
O tempo de trouxe
nas asas mornas do vento
E com você me veio a luz
de todo momento vivido
E, em meio à noite eterna
que durava em minha vida
outra vez encontrei uma flor
Temporal
Em momento algum
de ti me descuidei
Nem de ti
jamais meu corpo fugiu
Pois mesmo em sonho te quis
Como o pássaro que busca o céu
Musa
Beijos não dados
Porque em minha boca
não buscam
a umidade do prazer
Mãos possuidoras
que não me contém
Olhos que nos meus
não germinam
Coração de pulsar inseguro
Como o caminhar sem destino
sobre brasas...
Quem quer ser minha musa?
Quem tem coragem
de negar estes versos no escuro?
Pedras Brilhantes
Não tocarei
tesouro que não for meu
Nem dele roubarei
uma pedra sequer...
Cometas
Arrasto-me no azul-anil
arranhando meus anéis
de herói renegado
por entre as estrelas
Você Nunca Soube!
Quis ser meu sol
Meu cavaleiro negro
E cravo branco na lapela
Quis ser Diego...
Que eu fosse sua Carmen
Olhando os astros da varanda
Quis mais
Quis ser meu menino do espaço
De olhar penetrante
e traços alienígenas
Quis ser belo. Não foi
Nunca soube
quem na verdade era...
Ódio
Sentimento frio e sem cor
Que como planta maligna
discretamente
brota no ventre escuro
do nosso pensar...
Ódio
Sentimento sem par
e sem dono
Pássaro solitário
a voar cego
por vales floridos...
Ódio
Não um pássaro
mas, antes
um corvo (!)
Na ânsia louca
de devorar
nossos sonhos vividos.
Se eu fosse insensível...
Se para ti
sou como o vento
Ou, nem isso...
Que se sente
mas não se pode abraçar
...Como água límpida
a jorrar em vão
numa cachoeira
em meio a um deserto
num planeta distante
e sem vida...
Ou se sou como o mato
Singelo e insensível
Que, pela própria vontade
em busca do necessário raio de sol
nasce e cresce
Não distinguindo flores e pedras
Se assim for...
Sino
Flor mais bela esta
que colhi desta vez
no jardim do amor
...Quando eu quase caí
dentro de mim
O que eu fiz com você?
Que fiz eu - monstro intranquilo
do seu sorriso de prazer?
Que fiz eu - maldito poeta
da sua meiga harmonia?
Que fiz eu - assassino impiedoso
dos momentos belos
do seu prazer! (?)
Poema Insano Futurista
Quem sabe
Você virá com o vento
Suave
Por entre a cortina vermelha
Numa manhã deserta
De verão (?)
Com o caminhar elegante
Como notas
No piano de Beethoven
Ou surja (!)
Silenciosamente
Como o desabrochar
do pequeno botão de rosa
no vaso sobre a mesa da sala
Quem estará em casa
Quando talvez no futuro
você assim reaparecer?
Ternura
Te amarei
até o fim dos tempos
Entre as estrelas
No espaço silencioso
Com perfume de rosas
Te amarei
em toda direção do meu ser
No calor das explosões atômicas
Te amarei
Ainda que o Sol se apague...
I g n o
Quem são estas pessoas
ao meu redor?
...Quem são estes?!?
Quantos são?
E o que querem?